BRASÍLIA/DF - O diretor-geral da Polícia Rodoviária Federal
(PRF), Silvinei Vasques, pediu ajuda da Força Nacional e de aeronaves da
Polícia Federal, na manhã desta terça-feira, 1, para desbloquear estradas
ocupadas por bolsonaristas que reclamam do resultado das urnas. O chefe da
corporação relatou ao Supremo Tribunal Federal (STF) que o uso do próprio
efetivo e da Polícia Militar “não se mostrou suficiente”.
A solicitação foi compartilhada em ofícios enviados à Corte,
que informaram as medidas tomadas pela PRF para desobstruir as vias. Os
bloqueios fecharam rodovias e travaram a livre circulação de pessoas, bens e
serviços.
A PRF informou que as aeronaves seriam importantes para o
“transporte de servidores e patrulhamento das áreas afetadas”. O planejamento
para o uso da Força Nacional contra os atos, segundo a polícia rodoviária, “se
dará em reunião conjunta de trabalho”.
“A PRF tem trabalhado diuturnamente para o livre trânsito
nas rodovias e estradas federais, garantindo a segurança e a integridade dos
usuários. Não obstante, ressalta-se que o acionamento de todo o efetivo
disponível desta instituição e o amparo das polícias militares não se mostrou
suficiente para a completa desobstrução dos mais de 400 pontos de bloqueio”,
alegou a corporação.
A Confederação Nacional de Transportes voltou a acionar o
Supremo contra os bloqueios, agora pedindo que o ministro Alexandre de Moraes
ordene a apreensão de veículos usados para a interdição das estradas, ‘em razão
de estarem servindo como instrumento de crime contra o Estado Democrático de
Direito’.
A entidade é responsável pela ação no bojo da qual foi
deferida a ordem para que a Polícia Rodoviária Federal e as Polícias Militares
tomem ‘todas as medidas necessárias e suficientes’ para desmobilizar os
manifestantes que travam vias em todo o País. No despacho, o magistrado
determinou que sejam identificados os caminhões usados para bloqueios de vias,
com a remessa imediata a juízo, para a aplicação aos proprietários de multa
horária de R$ 100 mil.
Um dos itens mais sensíveis ao bloqueio de rodovias
federais, os combustíveis, já começaram a faltar em postos de cidades do Sul e
Centro-Oeste do País, segundo entidades que representam varejistas do setor. A
Federação Nacional do Comércio de Combustíveis e Lubrificantes (Fecombustíveis)
diz se tratar de focos de desabastecimento pontuais e nega o risco iminente de
uma crise de nível nacional.
“Até aqui, são casos pontuais de falta de combustíveis. O
que está nos chamando atenção é uma parte do estado de São Paulo, Santa
Catarina, Rio Grande do Sul e Goiás. Essas regiões concentram os bloqueios que
estão afetando o transporte rodoviário de combustível”, diz o presidente da
Fecombustíveis, James Thorp.
Julia Affonso / ESTADÃO
© Fornecido por Estadão