BRASÍLIA/DF - A operação da Polícia Federal contra investigados em inquérito
que apura atos antidemocráticos, que teve 103 mandados de busca e apreensão
cumpridos nesta quinta-feira, 15, se tornou um dos assuntos mais comentados nas
redes sociais. Influenciadores e aliados do presidente Jair Bolsonaro (PL)
alegam que estão sob uma “ditadura de toga” e sugerem até mesmo conspirações
envolvendo o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes e
black blocs.
A operação foi autorizada por Moraes contra empresários e
outros suspeitos de organizarem e financiarem bloqueios de rodovias e atos em
frente a quartéis. Entre os alvos estão os deputados estaduais Carlos Von (DC)
e Capitão Assunção (PL), da Assembleia Legislativa do Espírito Santo. Eles
negam ter cometido crimes. Em postagens em suas redes sociais, Assunção
ironizou que teria praticado “o terrível crime de livre manifestação do
pensamento”.
O assunto entrou nos “trending topics” do Twitter, que lista
os temas que mais ganham atenção na plataforma. Até o começo da tarde, os
termos “Alexandre de Moraes” e “Polícia Federal” estavam entre os cinco
primeiros lugares, com 70 mil e 45 mil postagens, respectivamente. Apoiadores
de Bolsonaro ainda colocaram, mais cedo, o termo “ditadura” (23 mil tuítes)
entre os mais comentados, enquanto a oposição reagiu com a tag “Grande dia” (17
mil tuítes).
Influenciadores pró-governo questionam a validade do
inquérito do STF que apura os atos antidemocráticos e reclamam que Moraes
estaria agindo arbitrariamente contra conservadores. Outros insinuam que o
quebra-quebra em Brasília na segunda-feira, 12 de dezembro, foi um esquema
orquestrado para justificar a medida.
“A narrativa é de escalada de violência por parte dos manifestantes. O que assistimos, contudo, foi ação típica de black blocs e não das tias do zap. Triste momento da nossa história!”, declarou a deputada federal Bia Kicis (PL-DF).
A teoria de que os atos de vandalismo foram obra de “infiltrados” e não de bolsonaristas circula desde o começo da semana, mas contraria relato da Secretaria de Segurança Pública do Distrito Federal, que confirmou a participação de manifestantes alojados em frente ao Quartel-General do Exército.
por Samuel Lima / ESTADÃO
Foto: Foto: Wilton Junior/Estadão