Uma
representação do Centro de Pesquisa em Óptica e Fotônica (CEPOF) - CEPID da
FAPESP alocado no Instituto de Física de São Carlos (IFSC/USP) - deslocou-se
nos dias 29, 30 e 31 de janeiro último ao Complexo Hospitalar de Salvador,
ligado a Universidade Federal da Bahia (UFBA), onde promoveu um treinamento
para médicos e enfermeiros daquele centro, no sentido de ser implementado o
tratamento de feridas falciformes com técnicas fotônicas desenvolvidas no
Instituto.
A
doença falciforme é uma anomalia genética hereditária e bastante frequente em
todo mundo, sendo caracterizada por alteração da forma e função dos glóbulos
vermelhos existentes no sangue (hemácias). Esta alteração de forma, que
transforma a configuração das células, dificulta a circulação e a chegada do
oxigênio aos tecidos, desencadeando uma série de sinais e sintomas como, dores
crônicas, infecções e, principalmente, feridas difíceis de cicatrizar. No
Brasil, mas de vinte mil novos casos são detectados todos os anos (fração
semelhante segue em todo o planeta). A doença não tem cura e, portanto, é
considerada crônica, persistindo por toda a vida, sendo que Bahia é o estado do
Brasil com a maior incidência, ocorrendo em 1 a cada 600 nascimentos, motivo
pelo qual a UFBA recebeu do governo estadual a verba necessária para o
treinamento acima citado.
A
delegação do IFSC/USP foi constituída pelo coordenador do CEPOF, Prof.
Vanderlei Bagnato e pela enfermeira parceira do centro, especialista no
tratamento de feridas, Elissandra Moreira, que, com os equipamentos
desenvolvidos pelo IFSC/USP e por
empresas parceiras, explicaram e demonstraram aos profissionais de saúde
como aplicar o procedimento, tendo toda a equipe, na ocasião, iniciado o
tratamento em seis pacientes com a doença falciforme.
O
procedimento, que tem se mostrado muito bom para outros tipos de úlceras,
consiste em uma descontaminação com ação fotodinâmica da ferida, seguindo-se a
foto-bioestimulação, que promove vascularização, uma melhor oxigenação e a
regeneração tecidual, dentre outros efeitos benéficos.
A
maioria dos pacientes tem este tipo de feridas há mais de cinco anos e este
tratamento agora implementado na Bahia é bastante esperado por todos. Segundo o Prof. Vanderlei Bagnato, “Este
tipo de cooperação torna todo nosso trabalho ainda mais útil de de grande
abrangência, demonstrando o valor social de nossas pesquisas. Já somos
referência em pesquisa e isto deve vir acompanhado de uma determinação em sermos parceiros de
toda sociedade brasileira - e mesmo mundial - na disponibilização do conhecimento para
virar tecnologia inovadora“.
O
tratamento tem a duração de entre seis a dez semanas no sentido de promover a
cicatrização das úlceras falciformes, devendo abranger milhares de pessoas que
necessitam deste atendimento. Os equipamentos transportados pela delegação do
CEPOF ficaram no Complexo Hospitalar de Salvador, como forma de garantir o
início do tratamento junto da população local.
Na
Bahia, o projeto é coordenado pelos Drs.
José Valber Menezes e Vitor Fortuna, ambos da UFBA.
Projeto
“Além Fronteiras das Atividades”
O
CEPOF vem promovendo o chamado “Projeto Além Fronteiras das Atividades”, com
iniciativas que ocorrem nos Estados Unidos, França, Alemanha, Inglaterra,
Moçambique, Chile, Equador, Colômbia, Mexico e Cuba, entre outros, procurando ter uma atuação
realmente internacional, além de sua componente nacional. “Esperamos
ser úteis e continuar a ter colaborações em todo Brasil, mas também com
diversas instituições em diversas partes do mundo, como já acontece em alguns
países. Queremos que nossas atividades e seus respectivos financiamentos tenham
em consideração esta aposta internacional, já que é desta forma que se promove
a internacionalização de projetos”, finaliza Bagnato.