Um balanço realizado pela SBCBM (Sociedade Brasileira de Cirurgia
Metabólica e Bariátrica) revela que no Brasil, entre 2011 e 2018, o número de
cirurgias bariátricas aumentou 84,73%, saltando de 34.629 para 63.969.
No Estado de São Paulo, a procura também continua grande: dados da Secretaria
de Estado de Saúde informam que no final de 2021, aproximadamente 5.200 pessoas
aguardavam na fila para realizar o procedimento pelo SUS (Sistema Único de
Saúde).
Em nossa região, o centro de referência para esse tipo de cirurgia é o Hospital
das Clínicas da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto, que realiza 50
bariátricas por ano e onde a fila de espera possui atualmente 106 pessoas.
Mas se cada vez mais pacientes buscam a cirurgia bariátrica, também é
crescente a busca pela cirurgia plástica reparadora, que é uma importante parte
do tratamento.
O cirurgião plástico e membro titular da SBCP (Sociedade Brasileira de
Cirurgia Plástica), Dr. Daniel Sundfeld Spiga Real, explica que muitas vezes, a
pele e os tecidos não têm elasticidade e podem não estar em conformidade com o
tamanho reduzido do corpo. “Como resultado, os braços ficam flácidos; as mamas
podem achatar e ficar com os mamilos apontados para baixo; o abdômen pode se
estender nas laterais e na zona inferior das costas, o que resulta em uma saliência
semelhante a um avental; as nádegas, a virilha e as coxas podem apresentar
flacidez, ocasionando bolsas suspensas de pele”, enumera.
Segundo o Dr. Daniel Sundfeld, diante de tais problemas funcionais e
estéticos, a cirurgia plástica depois de uma grande perda de peso melhora a
forma e o tônus do tecido subjacente e também remove o excesso de gordura e
flacidez da pele. Ou seja, trata-se da fase final do referido processo. “A cobertura
pelo SUS acontece apenas para os procedimentos considerados reparadores, sendo
o único possuidor de código na ANS (Agência Nacional de Saúde) a cirurgia para correção
de abdômen em avental. Nesses casos, os procedimentos são realizados nos
centros de referência que possuem residência médica em cirurgia plástica e em
alguns serviços habilitados para realizar as cirurgias pós-bariátricas”, lembra.
O cirurgião plástico ressalta que em
São Carlos, a procura por esse tipo de cirurgia tem aumentado de forma
significativa: “Como em nosso município, o SUS não está habilitado para esse
tipo de procedimento, os pacientes locais são encaminhados para o Hospital das
Clínicas da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto ou para o Hospital Estadual
de Américo Braziliense. No entanto, como a procura é grande, a fila de espera
também costuma ser”, pondera.
Ainda de acordo com o Dr. Daniel Sundfeld, para fazer uma cirurgia
plástica pós-bariátrica, o paciente deve estar dentro de sua massa ideal e com
estabilidade de peso há mais de 6 meses, pois se a perda de peso continuar, a
flacidez vai reaparecer. Arregimentando essas características, o médico
assistente da unidade básica encaminha para a referência em cirurgia plástica,
onde é feita a avaliação da indicação do procedimento.
“Os procedimentos pós-bariátricos devem ser muito bem preparados, pois
esses pacientes apresentam déficits de vitaminas e nutrientes, bem como
convivem com graus variados de anemia. Já o tempo e as restrições no
pós-operatório dependem do procedimento, mas não diferem dos realizados nos
pacientes não bariátricos. “Os procedimentos combinados podem ser realizados
dentro de condições de segurança, tendo como padrão um tempo cirúrgico não
maior do que 4 ou 5 horas e associação de procedimentos que causem resposta
metabólica pequena ao trauma”, afirma.
Por fim, o cirurgião plástico destaca
que o sucesso e a segurança do procedimento cirúrgico dependem muito da sinceridade
do paciente durante a consulta, respondendo abertamente sobre sua saúde,
desejos e estilo de vida. “O que garantirá resultados satisfatórios e
duradouros é, sem dúvida alguma, a alteração do estilo de vida. Exercícios
físicos e alimentação saudável são fundamentais nesse processo”, conclui Dr.
Daniel Sundfeld Spiga Real.