Estudo avalia efeitos da infecção em pessoas que tiveram quadros menos severos da doença

 

SÃO CARLOS/SP - Uma pesquisa de doutorado, desenvolvida no Programa de Pós-Graduação de Fisioterapia (PPGFt) da Universidade Federal de São Carlos (UFSCar), pretende investigar o impacto da Covid-19 nas condições de saúde de pessoas que tiveram a doença. A pesquisa busca voluntários que passarão por testes completos de saúde, gratuitos, realizados no Laboratório de Fisioterapia Cardiopulmonar (Lacap) da Instituição. O estudo é conduzido por Aldair Darlan Santos de Araujo, sob orientação de Audrey Borghi e Silva, docente do Departamento de Fisioterapia (DFsio) da UFSCar, e coorientação de Daniela Bassi-Dibai, docente da Universidade CEUMA, no Maranhão.
De acordo com o pesquisador, a literatura científica tem sido enfática em afirmar que a Covid-19 traz severas consequências na saúde em geral do indivíduo. "Nos últimos anos, os indivíduos com maior severidade, ou seja, aqueles que foram hospitalizados, acabaram ganhando mais espaço dentro do cenário científico. A cobertura vacinal tem diminuído bastante o número de casos graves, ou aqueles que necessariamente precisaram de hospitalização, sobrando agora indivíduos, em sua maioria, com síndrome gripal, que não precisaram de internação. Frente a isso, nosso estudo vem na tentativa de identificar se indivíduos com menor gravidade também experimentam efeitos deletérios após a infecção por coronavírus, sobretudo na capacidade funcional e função pulmonar", explica Aldair Araujo.
Testes que seguem o padrão-ouro e que avaliam capacidade funcional - Teste de Exercício Cardiopulmonar Máximo - são caros e pouco acessíveis. A partir disso, a proposta da pesquisa atual é usar testes mais baratos - chamados de TC6 e TD6 -, que têm alta correlação com o padrão-ouro e podem trazer informações importantes sobre a capacidade funcional do indivíduo após a infecção do SARS-CoV-2. Além desses testes, a pesquisa também vai realizar outras avaliações nos participantes, como modulação autonômica cardíaca, prova pulmonar completa; função endotelial (por ultrassom); composição corporal; qualidade de vida e sintomatologia. Os testes serão realizados presencialmente na UFSCar, em apenas uma visita com duração de três horas. 
"Nossa hipótese é que os indivíduos com gravidade menos severas também apresentam diminuição da capacidade funcional, alteração da modulação autonômica cardíaca, função pulmonar e endotelial prejudicada, além de pior qualidade de vida e sintomatologia persistente", revela o pesquisador. A partir dessa identificação, esses indivíduos poderão ser orientados a manterem acompanhamento periódico e indicados a programas de reabilitação a fim de que os efeitos deletérios sejam minimizados. "Na prática, isso reflete na triagem desses indivíduos com metodologias de baixo custo e fácil disponibilidade com eficácia na identificação da necessidade de acompanhamento de uma equipe multidisciplinar", sintetiza o pesquisador sobre a importância do estudo e aplicação dos seus resultados.
Homens e mulheres, a partir de 18 anos, que já tiveram Covid-19, com confirmação da infecção por intermédio de testagem, e que venham sofrendo com algum sinal ou sintomatologia persistente - fadiga, falta de ar, dor de cabeça, queda de cabelo, dor articular -, podem participar da pesquisa e passar pela avaliação completa, de forma gratuita. Os testes são realizados com alto rigor e o resultado é entregue na hora com as explicações clínicas pertinentes ao participante. As pessoas interessadas podem entrar em contato com o pesquisador pelo e-mail aldairdarlan1@gmail.com ou pelo telefone (11) 98416-3187, até o mês de agosto. Projeto aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa da UFSCar (CAAE: 52774021.9.0000.5504).

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