Tese foi premiada na categoria Planeta Terra e Meio Ambiente


Flávio Baleeiro iniciou seus estudos de graduação em Engenharia Química na Universidade Federal de São Carlos (UFSCar) em 2008 e finalizou em 2014. A vocação da pesquisa científica o levou aos estudos na pós-graduação no Centro Helmholtz de Pesquisa Ambiental (Leipzig, Alemanha), em parceria com o Instituto Karlsruhe de Tecnologia (Karlsruhe, Alemanha), com financiamento da bolsa CAPES de doutorado pleno. Ano passado, defendeu sua tese que, recentemente, foi escolhida no âmbito do "Prêmio Helmholtz de Doutorado 2022" na categoria Planeta Terra e Meio Ambiente, um prêmio dado anualmente para teses de doutorado que contribuem para os objetivos da Associação Helmholtz de enfrentar os grandes desafios da humanidade.
A tese de Baleeiro contribuiu para o desenvolvimento de um processo chamado "Fermentação mixotrófica". "Biorrefinarias são alternativas sustentáveis interessantes a vários derivados do petróleo. Porém, elas são limitadas pelas biomassas e restos orgânicos disponíveis nas proximidades. A Fermentação Mixotrófica usa a capacidade de comunidades bacterianas naturais de converter gases (H2, CO2 e CO) e restos orgânicos a químicos valiosos, fazendo com que Biorrefinarias não fiquem limitadas a biomassas locais e que possam ser integradas com a fixação do CO2 e a economia de H2 verde", explicou o pesquisador, que, junto com os orientadores, colegas e orientandos, publicou seis artigos científicos em periódicos internacionais durante o período do doutorado.
Alguns dos resultados da tese foram: o desenvolvimento de um biorreator especializado para desenvolvimento de microbiomas que consomem gases e restos orgânicos ao mesmo tempo; a identificação das bactérias responsáveis pela produção dos químicos mais promissores; definição das condições de cultivos desses microbiomas para produção estável dos químicos; e aumento da escala deste processo até biorreatores de 10 litros.
"Eu espero que a fermentação mixotrófica ajude na transição da atual economia baseada em recursos fósseis a uma economia circular, que se baseia em recursos renováveis. Por exemplo, através da construção de biorrefinarias menos limitadas às biomassas locais e integradas com as redes de hidrogênio verde, ou através da integração de biorrefinarias absorvedoras de carbono com outras indústrias poluidoras, como a do cimento e do aço", afirmou Baleeiro.
A cerimônia de premiação acontecerá no dia 13 de julho. "Além de gratificante, o prêmio dá novo fôlego e suporte a essa pesquisa e à transferência da tecnologia à indústria para que seja aplicada. Sigo trabalhando e desenvolvendo essa tecnologia como pesquisador no Centro Helmholtz de Pesquisa Ambiental em Leipzig, na Alemanha. Porém, o objetivo é aplicar a tecnologia no Brasil assim que encontrar financiamento e parceiros", complementou o pesquisador.
Baleeiro destacou a importância da UFSCar na continuidade da sua trajetória acadêmica e neste prêmio. "Meus professores da UFSCar, em especial, meus ex-professores do Departamento de Engenharia Química (DEQ), não foram só inspiração. Eles também me ensinaram a pensar como engenheiro químico para poder aprimorar as ‘engrenagens’ da indústria que sustenta a nossa sociedade. Tenho orgulho de ter estudado na UFSCar", finalizou.

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