O técnico Dorival Júnior enfim se vingou do Flamengo com o título da Copa do Brasil pelo São Paulo, conquistado neste domingo, no Morumbi, após o empate por 1 a 1. O treinador, por outro lado, negou espírito de revanche diante de sua ex-equipe.

O comandante admitiu certa mágoa após ter sido demitido ao término do ano passado. Ele havia acabado de vencer a Libertadores e a Copa do Brasil sob o comando do Rubro-Negro, mas viu o trabalho ser interrompido pela diretoria, que optou pela contratação de Vítor Pereira. Na coletiva, Dorival desabafou sobre a saída.

"Foi um final de ano um pouco diferente, porque além das alegrias pelas conquistas, acredito que só eu e minha família, amigos, pessoas próximas com quem me abri, entenderam toda situação, tudo o que havia acontecido. Natural que eu tenha ficado muito chateado com tudo, mas jamais levei pro pessoal, não misturei as coisas. Não transferi responsabilidades. Sempre soube separar muito bem. Não tinha o espirito de revanche em sentido nenhum da palavra. Hoje eu joguei contra meus ex-comandados. Pessoas que tenho um carinho e respeito muito grande. Só fico assim um pouco chateado porque quando ganhamos aquelas competições diziam que era um arroz e feijão, que qualquer um faria igual pela capacidade do elenco do Flamengo. Um mês depois, por incrível que pareça, aquela mesma equipe não alcançava os resultados da disputa do Mundial, era uma equipe que precisava de reforços, e tinha acabado de ganhar a Copa do Brasil e Libertadores", disse o técnico.

"Estranhei muito aquelas atitudes, aquelas colocações de muitos que, 30 dias antes, diziam ser o melhor elenco da América e ganharia de qualquer jeito aquela competição. Muito estranho tudo que aconteceu, tentando desqualificar o trabalho que foi desenvolvido. Hoje eu comprovo com todo o grupo do São Paulo que, para atingir um futebol você tem que ter muita dedicação, muito comprometimento e acima de tudo dignidade para que você possa encontrar grandes resultados. Poucas pessoas têm noção do que foi feito dentro do São Paulo, do trabalho, do comprometimento, de poder resgatar um grupo que estava muito magoado naquele instante, mas que entendeu o recado e passou a acreditar naquilo que foi proposto com a ajuda substancial de uma torcida que voltou a ser apaixonada", completou.

Além de falar sobre o Flamengo, Dorival exaltou o São Paulo. Segundo ele, o mais importante não foi conquistar um título inédito para a galeria do clube, mas sim resgatar o espírito do torcedor, que lotou o estádio nesta tarde com mais de 63 mil pessoas. O treinador ainda recordou sua passagem pelo Tricolor em 2017, quando chegou a lutar contra o rebaixamento no Campeonato Brasileiro.

"Conseguimos algo que não tem como igualar nos últimos anos de história desse clube. Pra mim isso não tem preço. Só tenho a agradece àqueles que confiaram no meu trabalho, que nós poderíamos dar um retorno depois do que aconteceu em 2017, quando saímos da zona de rebaixamento e na última rodada do Brasileiro éramos a melhor equipe do 2º turno até os minutos finais, quando levamos um gol e caímos para a terceira colocação. A diretoria não entendeu que aquele trabalho seria de recuperação do elenco no ano seguinte, decidiram cortar e ficou marcado para mim, porque queria dar ao são-paulino uma resposta por tudo que passamos", lembrou.

"Ouvi muitas opiniões, que eu daria um passo errado na minha carreira. Prometi a todos que não fecharíamos o ano sem disputar uma final. O que aconteceria na final ninguém sabe, mas estou muito satisfeito com o que vejo. Um grupo que até outro dia não contava com Lucas e James, foi o mesmo grupo que foi questionado, humilhado após o Paulista e mesmo depois consegue dar uma resposta tirando dois dos maiores adversários do São Paulo e o vencedor da Libertadores e da Copa do Brasil em 2022. O principal de tudo isso talvez não seja a conquista da Copa do Brasil, mas o resgaste do amor do torcedor pelo seu clube novamente", finalizou.

Com o título, o São Paulo enfim volta a ser campeão nacional após 15 anos - o último havia sido em 2008. Agora, o time volta suas atenções para o Brasileirão, onde não vence há oito rodadas e ocupa o 14º lugar, com 28 pontos. O próximo compromisso é contra o Coritiba, já nesta quarta-feira, às 19h (de Brasília), no Morumbi, em jogo atrasado pela 22ª rodada da competição.



Marcelo Baseggio / GAZETA ESPORTIVA

 FOTO: Marcello Zambrana / AFP

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