Após quatro altas consecutivas, o valor da cesta básica em Ribeirão Preto teve seu primeiro recuo. De acordo com pesquisa mensal de preços da Associação Comercial e Industrial (Acirp), o kit básico de alimentos custou em média R$ 679,00 em março, uma redução de 3,34% em relação ao mês anterior.
O levantamento feito pelo Instituto de Economia Maurílio Biagi (IEMB) da Acirp aponta queda em quatro das cinco regiões do município. Os preços foram levantados no dia 15 de março em 11 supermercados/ hipermercados e quatro panificadoras distribuídos pela cidade.
A cesta mais barata e com maior deflação foi encontrada na zona Norte a R$ 567,38, uma diminuição de 11,85% no comparativo com o que foi registrado em fevereiro.
No Centro, que teve a cesta mais cara nos meses de janeiro e fevereiro, os preços baixaram 8,34%, ficando em R$ 707,22 neste mês de março.
Na região Oeste o custo foi de R$ 648,61 (-2,26%) e na Leste, de R$ 736,89 (-0,56%). A Zona Sul, embora não tenha tido a cesta mais cara (R$ 720,38), foi a única a apresentar alta (+0,94%).
“Este mês, a deflação foi puxada pela queda nos preços de produtos que tiveram excesso de oferta em 2023, como a soja e produtos derivados da pecuária bovina. Apesar disso, chama atenção ainda o crescimento no preço de produtos in natura, como frutas e legumes, reflexo dos impactos do El Niño sobre a produção agrícola”, aponta Lucas Ribeiro, analista do IEMB Acirp.
Em março, as carnes corresponderam a 34,2% do orçamento total, seguidas pelas de frutas e legumes (31,7%), farináceos (19,78%), laticínios (6,16%), leguminosas (4,98%), cereais (2,48%) e óleos (0,71%)
Em relação ao poder de compra, a cesta básica compromete o equivalente a 52% dos rendimentos do trabalhador assalariado, considerando a remuneração de um salário mínimo (R$1.412,00) e uma renda liquida de R$1.305,82 (deduzidos 7,52% da contribuição para a Previdência Social).
Considerando uma carga horária mensal de 220 horas, esse indivíduo precisou trabalhar 114,4 horas para adquirir sua cesta, 3,95 horas a menos que em fevereiro.
Vai e vem dos preços
O item com maior impacto no preço final da cesta básica em Ribeirão Preto foi a margarina com sal (-13,95%). A batata inglesa também teve uma redução importante (-11,59%). A queda do valor da carne alcatra é outro destaque (-6,04%).
Na outra ponta, o tomate italiano subiu 18,46%, impedindo uma deflação maior na cesta de março.
Dados do estudo
Os 13 itens avaliados mensalmente pela Acirp são os mesmos considerados pela cesta descrita no Decreto-Lei nº 399/1938, que define um conjunto de alimentos que seria suficiente para o sustento e bem-estar de um trabalhador em idade adulta.
A cesta inclui carne bovina (6 kg de alcatra), leite longa vida (7,5 litros), feijão carioca (4,5 kg), arroz branco tipo 1 (3 kg), farinha de trigo (1,5 kg), batata inglesa (6 kg), tomate italiano (9 kg), pão francês (6 kg), café em pó (0,6 kg), banana nanica (90 unidades), óleo de soja (0,8 litro), açúcar cristal (3 kg) e margarina (0,75 kg).
Os locais de compra são determinados com base na Pesquisa de Orçamento Familiar (POF) do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) de 2017-2018. O pão francês é o único item cotado também em padarias, uma vez que 60% dos ribeirão-pretanos preferem comprá-lo nestes estabelecimentos.
IEMB
O Instituto de Economia Maurílio Biagi (IEMB) integra o Departamento de Relações Institucionais da Acirp, entidade que em 2024 completa 120 anos de atuação em Ribeirão Preto. Foi criado em 1954 com objetivo de gerar dados socioeconômicos para orientação na gestão de empresas e da cidade. As medições do Índice Mensal da Cesta Básica do IEMB-Acirp têm sido aferidas desde maio de 2023.