O grupo de trabalho da Câmara dos Deputados que avalia a
regulamentação da reforma tributária propôs a retirada do citrato de
sildenafila, mais conhecido como Viagra, da lista de medicamentos isentos da
tributação.
Com a mudança, esse medicamento passará a ter uma tributação
de 40% da alíquota cheia, estimada em 26,5% pela equipe econômica.
A tadalafila, que assim como o Viagra também ajuda a
aumentar o fluxo de sangue no pênis e pode auxiliar homens a manter uma ereção,
foi mantido na tributação de 40%.
Ao mesmo tempo, os parlamentares também propuseram que os
absorventes, que teriam tributação parcial, pagando 40% da alíquota cheia (de
referência), passem a ser totalmente desonerados. Ou seja, que tenham alíquota
zero.
A proposta, que ainda terá de ser votada para ter validade,
foi apresentada nesta quinta-feira (4). A expectativa é de que o texto seja
submetido ao plenário da Câmara na próxima semana.
O substitutivo do grupo de deputados mantém uma lista de 850
medicamentos que teriam imposto reduzido -- com taxação de 40% da alíquota
total.
Outros 383 ficariam isentos de tributos, segundo o texto. Na
prática, a redução ou isenção de impostos deve evitar a alta dos produtos, mas
isso depende também das empresas farmacêuticas repassarem a queda nos impostos
ao consumidor.
Regulamentação da reforma tributária
Pontos importantes, como o fim da cumulatividade, a cobrança
dos impostos no destino, simplificação e fim de distorções na economia (como
passeio de notas fiscais e do imposto cobrado "por dentro") já foram
assegurados na PEC da reforma tributária -- aprovada e promulgada no fim do ano
passado pelo Legislativo.
Entretanto, vários temas sensíveis ficaram para o ano de
2024, pois o texto da PEC indica a necessidade de regulamentação de alguns
assuntos por meio de projetos de lei. O governo enviou sua proposta em abril, e
nesta quinta-feira os deputados propuseram algumas alterações.
O cronograma da Fazenda prevê que a regulamentação será
feita entre 2024 e 2025. Com o término dessa fase, poderá ter início, em 2026,
a transição dos atuais impostos para o modelo de Imposto sobre Valor Agregado
(IVA) --- com cobrança não cumulativa.
Pela proposta de emenda à Constituição (PEC), cinco tributos
serão substituídos por dois Impostos sobre Valor Agregado (IVAs) — com
legislação única, sendo um gerenciado pela União e outro com gestão
compartilhada entre estados e municípios:
▶️ Contribuição sobre Bens e Serviços (CBS): com gestão federal,
vai unificar IPI, PIS e Cofins;
▶️ Imposto sobre Bens e Serviços (IBS): com gestão compartilhada
estados e municípios, unificará ICMS (estadual) e ISS (municipal).
▶️ Além da CBS federal e do IBS estadual e municipal, será
cobrado um imposto seletivo (sobre produtos nocivos à saúde) e um IPI sobre
produtos produzidos pela Zona Franca de Manaus -- mas fora da região com
benefício fiscal.
Estimativas apontam que os futuros impostos sobre o consumo,
para manter a atual carga tributária - considerada elevada -, somariam cerca de
26,5% - e estariam entre os maiores do mundo.
A alíquota final dos impostos, porém, só será conhecida nos
próximos anos -- após a realização de um período de testes para
"calibrar" o valor -- necessário para manter a carga tributária
atual.
Por Alexandro Martello, Kevin Lima, g1