A inflação oficial do Brasil, medida pelo IPCA (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo), desacelerou a 0,21% em junho, após marcar 0,46% em maio, apontam dados divulgados nesta quarta-feira (10) pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística).
O novo resultado veio abaixo da mediana das expectativas do mercado financeiro. Segundo pesquisa da agência Reuters, a projeção era de taxa de 0,32% em junho.
Em 12 meses, porém, o IPCA ganhou força e passou a acumular inflação de 4,23%, conforme o IBGE. Nesse recorte, a alta dos preços era de 3,93% até maio.
ALIMENTOS AINDA PRESSIONAM, E PASSAGEM AÉREA CAI
Dos 9 grupos de produtos e serviços pesquisados, 7 tiveram avanço no recorte mensal de junho. O segmento de alimentação e bebidas desacelerou de 0,62% em maio para 0,44% no mês passado.
Ainda assim, exerceu o maior impacto no IPCA: 0,10 ponto percentual. Em outras palavras, apesar da trégua, os alimentos seguem pressionando o índice.
O grupo dos transportes, por outro lado, registrou queda de 0,19% em junho, após subir 0,44% em maio. Foi a principal contribuição para reduzir o IPCA, com impacto de -0,04 ponto percentual.
Dentro dos transportes, houve influência da baixa dos preços da passagem aérea (-9,88%). O bilhete de avião exerceu o principal impacto individual do lado das quedas no IPCA (-0,06 ponto percentual).
André Almeida, gerente da pesquisa do IBGE, indicou que, no caso da passagem, houve uma espécie de devolução da alta de 5,91% que havia sido verificada em maio.
"A gente teve, em maio, alguns feriados, como Corpus Christi. No mês de junho, os preços caíram mesmo. É reflexo da dinâmica de mercado", afirmou.
EXPECTATIVAS E META DE INFLAÇÃO
Nas últimas semanas, as expectativas para o IPCA em 2024 subiram em meio a fatores como a escalada do dólar e os reflexos das enchentes no Rio Grande do Sul.
A catástrofe climática devastou plantações e prejudicou o escoamento de mercadorias no estado, que é o principal produtor de arroz no Brasil.
Analistas do mercado financeiro projetam IPCA de 4,02% no acumulado de 2024, de acordo com a edição mais recente do boletim Focus, divulgada na segunda (8) pelo BC (Banco Central). A estimativa aumentou pela nona semana consecutiva.
Outro possível fator de pressão sobre o índice oficial é o reajuste dos preços da gasolina e do gás de cozinha anunciado nesta semana pela Petrobras.
O centro da meta de inflação perseguida pelo BC é de 3% neste ano. A tolerância é de 1,5 ponto percentual para menos ou para mais.
Isso significa que a meta será cumprida se o IPCA ficar no intervalo de 1,5% (piso) a 4,5% (teto) no acumulado de 12 meses até dezembro.
Por ora, apesar do aumento das previsões, a maioria dos analistas projeta inflação abaixo do teto em 2024.
foto: © Valter Campanato / Agência Brasil