O ministro das Relações Exteriores, Mauro Vieira, cobrou
nesta terça-feira (29) que os Estados Unidos retirem o embargo econômico
imposto a Cuba.
Mauro Vieira fez a cobrança ao discursar na sede da
Organização das Nações Unidas (ONU), em Nova York (EUA).
Segundo o ministro, a cobrança vem num contexto em que o
Brasil acompanha com "grande preocupação" com a situação no país, que
enfrenta uma emergência energética provocada pela passagem do furacão Oscar.
Em razão do embargo imposto a Cuba, empresas americanas e
até internacionais podem sofrer sanções por manterem relacionamento com o país
caribenho (leia detalhes mais abaixo).
"É evidente que as severas sanções impostas
injustificadamente a Cuba, tanto pelo embargo como por sua inclusão na lista de
'Estados patrocinadores do terrorismo', contribuíram ainda mais para exacerbar
a situação. Essas medidas, que já penalizam injustamente o povo cubano, agora
impedem uma adequada resposta à crise humanitária gerada pelo furacão [Oscar]",
afirmou Mauro Vieira.
"Por todas essas razões, instamos os Estados Unidos a
reconsiderarem sua política sobre Cuba: eliminar as sanções, retirar Cuba da
lista dos Estados patrocinadores do terrorismo e fomentar um diálogo
construtivo baseado no respeito mútuo e na não interferência", acrescentou
o chanceler brasileiro.
O embargo e a lista do terrorismo
O embargo que os EUA impuseram sobre Cuba impede a maioria
das trocas comerciais.
Por meio de duas leis, uma de 1992 e outra de 1996, o
governo americano proíbe, por exemplo, o envio de alimentos ao país caribenho
(exceto em casos de ajuda humanitária) e torna passível de punição judicial
empresas nacionais e estrangeiras que tenham relações financeiras com a ilha.
Entenda o embargo dos EUA a Cuba
Além disso, em 2021, o então presidente americano Donald
Trump decidiu incluir Cuba na lista de países patrocinadores de terrorismo.
Antecessor de Trump, Barack Obama havia retirado o país da lista.
À época, o então secretário de Estado, Mike Pompeo, disse
que Cuba havia voltado para a lista por apoiar Nicolas Maduro e proteger
fugitivos dos Estados Unidos, além de colombianos.
Entrada no Brics
O discurso de Mauro Vieira na ONU a favor de Cuba acontece
na semana seguinte à discussão, no Brics, sobre a criação da categoria de
países "parceiros" do bloco, um status inferior ao dos membros
efetivos do grupo que reúne, entre outros, Brasil, Rússia, Índia, China, Irã e
Egito.
Ao todo, cerca de 30 países se candidataram essa categoria
e, inicialmente, 13 serão chamados a integrar o Brics, entre os quais Cuba.
Outros países, como Venezuela e Nicarágua, por exemplo,
ficaram fora da lista.
GloboNews
Foto: Ricardo Stuckert/PR