
Na sessão ordinária da Câmara Municipal de São Carlos realizada nesta terça-feira (10), o vereador Jùlio Cesar (PL) fez um contundente pronunciamento contra a empresa SOU, responsável pelo transporte público da cidade. Da tribuna, o parlamentar afirmou sentir "vergonha" do serviço prestado à população e entregou pessoalmente ao prefeito Netto Donato (PP) um dossiê detalhado que, segundo ele, comprovam o descumprimento do contrato por parte da concessionária.
Jùlio Cesar afirmou que a empresa "não cumpre o que está no contrato" e classificou a SOU como uma "empresa de transporte de valores", em referência ao valor recebido mensalmente da Prefeitura, que pode chegar a R$ 6 milhões. "O serviço prestado é incompatível com o montante que a empresa recebe", denunciou o vereador.
Durante o discurso, Jùlio detalhou que protocolou um requerimento solicitando informações detalhadas sobre a atuação da SOU, incluindo cópia do contrato vigente, dados de pagamento e subsídios, relação de linhas ativas, quilometragem, número de passageiros, e ano de fabricação dos veículos. Segundo ele, as respostas foram incompletas e insuficientes.
Para aprofundar a apuração, Jùlio organizou uma audiência pública — da qual a empresa não participou, mesmo tendo sido comunicada com três semanas de antecedência. “Ela está pouco se lixando para a população de São Carlos”, afirmou.
O parlamentar relatou que, após o episódio, decidiu realizar uma investigação independente, com visitas à garagem da empresa em horários alternativos, inclusive de madrugada. Os dados coletados foram registrados em vídeos e apontariam um número de ônibus circulando inferior ao previsto em contrato, principalmente aos finais de semana. "O transporte porta a porta, voltado às pessoas com deficiência, simplesmente não funciona aos domingos", denunciou.
Jùlio Cesar também comparou os valores da passagem e os subsídios pagos em outras cidades onde a mesma empresa atua. Segundo ele, em Limeira e Americana a tarifa é inferior (R$ 4,50 e R$ 4,70, respectivamente), assim como o subsídio público. Em São Carlos, a passagem custa R$ 5,25, além do repasse mensal da prefeitura.
Para o vereador, a concessão de 10 anos — com valor estimado em R$ 717 milhões — e a possibilidade de prorrogação por mais uma década, o que elevaria o custo a cerca de R$ 1,5 bilhão, é "inadmissível diante do serviço que não é entregue". Ele alertou ainda para a inexistência de canais de comunicação eficientes da empresa com os usuários, o que, segundo ele, agrava ainda mais a situação.
Jùlio também apresentou relatos de trabalhadores de empresas da região, que não conseguem chegar ao trabalho no horário por conta de falhas nas linhas. “Ontem, inclusive, houve caso de trabalhadoras que precisaram acionar a polícia porque não conseguiram transporte”, revelou.
Ao final do discurso, Jùlio Cesar foi enfático ao pedir a imediata revisão do contrato com a SOU. “Não dá mais. A população sofre, perde consultas, exames, horas de trabalho. E no fim do mês, a empresa leva milhões para casa sem entregar o que está no contrato. Isso é uma vergonha. Esse contrato precisa ser revisto agora.”