
https://www.fuxicogospel.com.br/ Por Caio Rangel
A decisão ainda precisa de aval judicial, mas tende a ser homologada sem obstáculos
A Polícia Civil de São Paulo concluiu que não há qualquer indício de fraude ou desvio de verbas na Igreja Bola de Neve. O relatório final, datado de 5 de junho, derrubou as acusações levantadas pela pastora Denise Seixas — viúva do fundador Rinaldo “Rina” Seixas — contra o conselho deliberativo que hoje administra a denominação.
Com base no parecer, o Ministério Público paulista determinou o arquivamento do inquérito na quinta-feira passada (12/6); a decisão ainda precisa de aval judicial, mas tende a ser homologada sem obstáculos.
Como a crise começou
A disputa estourou após a morte de Rina, em novembro do ano passado, vítima de politraumatismo decorrente de um acidente de moto. À frente de uma rede de mais de 500 templos e arrecadação anual estimada em R$ 250 milhões, o conselho passou a ser contestado por Denise, que se dizia preterida na sucessão e acusou o colegiado de práticas irregulares. Em janeiro, a Justiça chegou a nomeá-la presidente interina; porém, em 13 de fevereiro, ela renunciou ao cargo e recuou das denúncias depois de um acordo interno.
Polícia não viu dano financeiro
Mesmo com a desistência, a Polícia Civil manteve a investigação. No documento final, os delegados foram categóricos ao afirmar que não encontraram prejuízo patrimonial nem ilegalidades contábeis na gestão e, portanto, não havia motivo para prosseguir com a ação penal.
Reação dos envolvidos
Em nota, os advogados da Bola de Neve comemoraram o desfecho: “Ficou comprovado que a igreja sempre agiu em consonância com a legislação brasileira”. O conselho deliberativo acrescentou que as contas são auditadas há mais de uma década por empresa multinacional — inclusive no período em que Denise integrava a diretoria. Já a pastora, por meio de sua defesa, limitou-se a dizer que existia “comunicação judicial de indícios” em trâmite sob sigilo na 17ª Vara Cível de São Paulo.
Próximos passos
Com o inquérito praticamente enterrado, resta a homologação judicial para encerrar de vez o capítulo criminal. Internamente, a liderança reforça que a prioridade agora é “virar a página” e focar na expansão dos projetos sociais e missionários da igreja.
Apesar do arquivamento, o episódio deixou marcas e expôs fissuras dentro da liderança da Bola de Neve, antes conhecida por sua postura unificada e crescimento acelerado. A disputa pública entre Denise Seixas e o conselho deliberativo gerou desconforto entre membros e líderes regionais, além de levantar questionamentos sobre transparência e governança dentro de megatemplos evangélicos. Mesmo inocentada judicialmente, a instituição agora precisa administrar os danos à sua imagem e restaurar a confiança interna para seguir adiante com estabilidade.