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Pastor renuncia à igreja e revela luta contra depressão

Publicada em: 16/07/2025 09:32 - GOSPEL

https://www.fuxicogospel.com.br/ Por Caio Rangel

A decisão de Luciano Estevam foi confirmada por meio de uma mensagem de despedida publicada nas redes sociais

Igreja Batista em Aracruz (PIBARA) no último domingo (13), durante o culto matutino. Após 24 anos e sete meses de ministério à frente da congregação, ele revelou estar enfrentando um quadro grave de depressão, que tem comprometido sua saúde física e emocional.

 

A decisão foi confirmada por meio de uma mensagem de despedida publicada nas redes sociais, na qual expressou gratidão à comunidade e reafirmou sua confiança na direção de Deus para os próximos passos da igreja.

Em seu comunicado, Luciano relatou que o diagnóstico da doença veio no fim do ano passado e que a condição tem afetado profundamente seus sentimentos. “Enquanto eu estiver em tratamento, não posso continuar exercendo o ministério pastoral. Não quero, em hipótese alguma, prejudicar a obra de Deus”, afirmou.

O episódio traz à tona uma preocupação crescente dentro das igrejas evangélicas: a saúde mental dos líderes religiosos. A sobrecarga de trabalho, o isolamento e a pressão por desempenhos contínuos têm levado muitos pastores à exaustão. Segundo pesquisa do Barna Group, 42% dos líderes espirituais já cogitaram abandonar o ministério devido ao desgaste emocional. Entre os fatores mais apontados estão a solidão, a dificuldade de conciliar vida pessoal com o chamado pastoral e a sensação de ausência de apoio institucional.

No cenário brasileiro, a realidade não é diferente. Dados de uma pesquisa realizada em 2023 pela psicóloga Valquíria Andréia Salinas Goulart, da PUC-SP, indicam que 8% dos pastores da Convenção Geral das Assembleias de Deus apresentavam sintomas de depressão, enquanto 18,4% sofriam com ansiedade. Muitos relataram não ter espaços de escuta ou acolhimento dentro das próprias igrejas, temendo julgamentos ou a perda de autoridade perante seus membros.

A atitude de Luciano Estevam rompe esse silêncio ao tratar o tema com franqueza e dignidade. Sua longa trajetória ministerial e a forma honesta como compartilhou sua luta trazem um alerta à comunidade evangélica sobre a urgência de cuidar da saúde emocional dos que estão à frente dos púlpitos. Seu gesto, embora doloroso, pode abrir caminho para que outros pastores encontrem coragem de buscar ajuda e não carreguem sozinhos o peso do ministério.

Apesar de ainda ser um tabu, a discussão sobre o bem-estar psíquico de pastores começa a ganhar espaço. Algumas denominações têm implementado iniciativas de suporte psicológico e programas de prevenção, ainda que de forma tímida. No entanto, o desafio permanece: transformar a cultura e criar ambientes seguros onde líderes possam admitir suas vulnerabilidades sem medo de represálias.

O desligamento de Luciano Estevam não representa apenas a saída de um líder, mas o clamor por uma nova forma de encarar o ministério pastoral — uma que reconheça que fé e saúde mental não são incompatíveis, e que o cuidado mútuo deve ser parte essencial da caminhada cristã.

 

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