Para prestar uma homenagem às mulheres, na data comemorativa do Dia Internacional das Mulheres, torna-se importante resgatar a memória daquelas que se destacaram no panorama internacional, que aplainaram os nossos caminhos e nos deixaram um legado de lutas e conquistas. Joana D’Arc (liderou tropas contra os ingleses durante a guerra dos 100 anos), Golda Meir (primeira-ministra israelense), Marie Courie (física e química polonesa, conduziu pesquisas sobre radioatividade), Elisabeth Blackwell ( primeira médica  a exercer medicina nos EUA), dentre muitas outras.

 O que essas mulheres tiveram em comum com as contemporâneas? Coragem, liderança, luta, determinação, atitude empreendedora. As mulheres de hoje estão adquirindo um novo protagonismo na nossa sociedade, face às mudanças socioculturais, as quais estão exigindo que elas participem do mercado de trabalho, em uma dupla jornada já que estão conciliando com os papéis de dona de casa. Muitas delas, mesmo após a pandemia, decidiram abrir suas próprias empresas.

 O caminho que estão percorrendo para desenvolver uma atitude empreendedora tem exigido uma série de transformações e ressignificação de atitudes. Elas passaram a se responsabilizar pela própria subsistência e de suas famílias. Com características de liderança, poder de adaptação e persistência, elas já representam, 10,1 milhões (2021 SEBRAE) de donas de negócios. De acordo com pesquisa feita pelo SEBRAE, o estudo revela que, entre 2019 e 2021, cresceu a proporção de mulheres de negócios que são chefes de domicílio. No fim de 2021, elas já representavam quase 50% do universo de empreendedores. Estas mulheres estão rompendo com os preconceitos machistas da nossa sociedade.

 É urgente remover os obstáculos que ainda impedem a total integração de milhões de brasileiras ao mundo dos negócios. Essa ação passa pela reformulação de novas políticas públicas e pela mudança de uma cultura que ainda deposita nas costas da mulher a maior parte da responsabilidade pela administração da casa e pelos cuidados com as crianças e idosos. É revelador desse ambiente cultural  que as mulheres ainda respondem  por apenas 34% do total dos negócios brasileiros, formais e informais.

No mês em que é celebrado o Dia Internacional das Mulheres, os diversos atores - públicos e privados – que atuam no universo do empreendedorismo, precisam refletir sobre estas profundas desigualdades. Se queremos assegurar às novas gerações de empreendedoras as mesmas condições de competitividade dos homens, é fundamental avaliarmos  muito mais do que  o nosso marco legal, mas  também as nossas práticas diárias e hábitos culturais que ainda perpetuam esse estado de iniquidade.

Essa luta deve incluir os profissionais 50 +. Algumas empresas já estão investindo em programas de requalificação e combate ao etarismo, já que em 2040, 57% dos trabalhadores  terão 50 anos. (O Estado de. Paulo, domingo, 21 de agosto de 2022- Caderno de Economia e Negócios). No livro, - Empreender na Maturidade, Reinvente-se- (São Paulo, editora Senac,2020), a autora, Mara Sampaio, destaca que “ os seniores têm demonstrado que ainda há fôlego para encontrar e percorrer uma nova estrada e é no empreendedorismo que muitos encontram a nova direção”. A longevidade veio para ficar e o nosso país já é envelhecido. Hoje as pessoas idosas correspondem a 14,7% da população (31,2 Milhões), lembrando que as mulheres representam  51,7% do total . São estas as  empreendedoras do presente e do futuro. Faz-se necessário, começar  a mudar a nossa forma de agir. Precisamos aproveitar com entusiasmo os anos a mais que todos estamos recebendo nesta etapa que se inicia aos 60.

Para finalizar, cito a mensagem do pensador argentino, Carlos Bernardo Gonzalez Pecotche “Interessar-se por novos motivos ajuda a viver em permanente juventude. Sejamos como os rios que renovam constantemente suas águas. “

 

Dra. Sandra Márcia Ribeiro Lins de Albuquerque

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