Sarah Moreno, egressa do Programa de Pós-Graduação em Antropologia Social (PPGAS) e integrante do grupo de pesquisa Humanimalia - Antropologia das Relações Humano-Animais, da Universidade Federal de São Carlos (UFSCar), lançou, no último dia 8 de setembro, na Bienal do Livro, em São Paulo, seu livro "A incômoda presença dos pombos no porto de Santos". O livro é resultado da pesquisa de mestrado desenvolvida pela autora no PPGAS/UFSCar no período de 2016 a 2019.
"O tema do estudo foi a relação entre pessoas e pombos na área da Antropologia das relações entre humanos e animais. A pesquisa foi realizada no porto de Santos, já que a alta movimentação de grãos ali fez com que a população de pombos aumentasse e gerasse incômodo às pessoas", explica Sarah Moreno; acompanhando o programa de controle dessas aves no porto, ela conseguiu "compreender diversas outras presenças incômodas nesse ambiente, como as instituições de fiscalização, a soja e o próprio porto em certo sentido".
"Pombos são animais que geralmente passam despercebidos pelas pessoas, ou apenas são percebidos quando incomodam", destaca a pesquisadora. "Nesse sentido, fazer uma pesquisa sobre esses animais foi um tanto desafiador, afinal, quem se interessa por pombos? Ao mesmo tempo foi uma experiência interessante, já que todo o mundo tinha algo a dizer sobre essas aves. Por fim, foi possível realizar um trabalho que mostrasse a realidade dos pombos - e outras presenças - no porto de forma bastante detalhada, além de explorar os pombos para além de somente um incômodo, mostrando todas suas possibilidades, inclusive em intervenções artísticas, até refletir sobre as disputas territoriais e arquiteturas hostis nas cidades".
Nesse contexto, a pesquisa se propôs a compreender o que é, e o que pode um pombo tanto na condição de um "animal-agente", quanto de um "animal-signo", explica a autora, "isto é, enquanto um ser ativo que age no mundo conjuntamente com tantos outros seres, e enquanto um símbolo, uma representação boa para se pensar as sociedades humanas".
Com o título "Presenças incômodas no porto de Santos: uma etnografia das relações entre humanos, pombos, grãos e outros sujeitos", a dissertação teve orientação do professor Felipe Vander Velden, do Departamento de Ciências Sociais (DCSo), e contou com apoio financeiro da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes).
Lançamento no Biena
O lançamento do livro "A incômoda presença dos pombos no porto de Santos" aconteceu no último dia 8 de setembro, às 11 horas, no estande da Editora Urutau, na 27ª Bienal Internacional do Livro de São Paulo. "Participar da Bienal como autora foi uma grande experiência! É o maior evento do gênero da América Latina, reunindo milhares de pessoas. Essa foi a primeira participação da Editora Urutau no evento e tive o grande prazer de estar com eles, conhecer outros autores, e de poder levar os pombos e a Antropologia nessa empreitada!", conta Sarah Moreno.
"Apesar de o foco da Bienal não ser tanto o diálogo e as trocas mais intimistas, foi muito interessante poder, em primeiro lugar, observar as reações das pessoas que passavam pelo estande da Urutau e viam os títulos. Houve quem dissesse ‘coitado dos pombos!’. Mas também foi muito gratificante ver que minha pesquisa despertava o interesse das pessoas e ter a oportunidade de comunicar um pouco de minha experiência e ter meu trabalho reconhecido".
O livro, disponível em formato físico, pode ser adquirido pelo site da Editora Urutau (https://editoraurutau.com/
Sobre a autora
Sarah Moreno é doutora em Antropologia Social pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), com período sanduíche na Universitat de Barcelona (UB), na Espanha. Possui mestrado em Antropologia Social e graduação em Ciências Sociais pela Universidade Federal de São Carlos (UFSCar). Investiga as relações entre humanos e animais em contextos rurais e urbanos com especial interesse nos animais que podem ser considerados pragas e gerar incômodos aos humanos - como pombos e javalis. É pesquisadora do grupo de pesquisa Humanimalia da UFSCar (https://www.