Não é só a conta de luz que ficou mais cara com a estiagem,
fazendo a inflação subir 0,44% em setembro. O clima seco, a falta de chuvas e
até a incidência de queimadas em diversas regiões do país estão afetando os preços
das carnes ao consumidor.
Dados do IBGE divulgados nesta terça-feira apontam que as
carnes ficaram, em média, 2,97% mais caras em setembro. É a maior alta desde
dezembro de 2020, quando estes itens subiram 3,58% em apenas um mês.
O contra-filé foi o que mais subiu de preço na passagem de
agosto para setembro: alta de 3,79%. Em seguida aparecem a carne de porco, o
patinho e a costela, também com altas de 3%.
Mas, apesar da alta em setembro, no conjunto, as carnes
subiram 0,44% este ano. E isso depois de os preços terem caído 9,37% em 2023.
Por que o preço da carne subiu?
As carnes estavam mais baratas ao consumidor no primeiro
semestre por conta da maior oferta. Um reflexo do aumento no número de abates
no primeiro semestre, explica André Almeida, gerente do Índice de Preços ao Consumidor
Amplo (IPCA), do IBGE.
Mas o contexto para queda nos preços vem sendo ofuscado por
condições menos favoráveis para o gado devido à estiagem, diz o gerente da
pesquisa.
No fim de setembro, a arroba do boi gordo era negociada a R$
268, na média entre os dias 23 e 30, de acordo com o Centro de Estudos
Avançados em Economia Aplicada (Cepea), da Esalq/USP. No fim de agosto, a média
era de R$ 238,33 – aumento de 12% em um mês.
— Agora, estamos no período de entressafra (quando os
produtores precisam alimentar o gado com ração, já que as pastagens ficam
secas). E tivemos a questão climática que intensificou a entressafra. Além
disso, tivemos uma redução no número de abates em comparação com o primeiro
semestre deste ano, o que contribuiu para a alta dos preços em setembro.
A carne continuará cara nos próximos meses?
Luis Otavio Leal, economista-chefe da G5 Partners, explica
que o preço da carne já costuma subir nos últimos meses do ano em função da
estiagem e do aumento da demanda do consumidor, mas pontua que as queimadas
foram um fator adicional de piora às pastagens já reduzidas pela seca:
— Dessa vez, a seca foi muito mais intensa do que o normal.
Vamos ter, sem dúvida, um aumento mais forte sobre o preço da carne nos
próximos meses. No atacado, o aumento já chegou a 6%.
Fonte: jornal O Globo